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MICRO

PERFORMANCE

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Tendo em vista a apropriação de diferentes linguagens artísticas (música, dança, teatro, artes plásticas, artes visuais, literatura, pintura, performance urbana,  etc) para se pensar o cotidiano, a vida e a cidade, entendemos que no contexto atual não tem como experienciarmos a arte seccionada da vida e seus múltiplos encontros.

No decorrer das décadas fomos percebendo novas formas de aglutinação e conexão no processo de hibridização de se fazer arte. Para um dos maiores estudiosos e investigador em estudos culturais da América Latina, Néstor Garcia Canclini, sem dúvida, a expansão urbana é uma das causas que intensificaram tal processo cultural. Para o autor, passamos de uma sociedade homogênea, local e rural para uma sociedade que comporta uma trama urbana complexa, em que se vislumbra um processo que faz cruzar os mais variados signos da arte em constante interação e que agora funciona em rede. Manuel Castells, em seu livro La Cuestión Urbana, também observa que o crescimento vertiginoso das cidades criaria múltiplas forças que contemplariam esta malha complexa de relações e possibilidades.

É diante desta cidade que comporta múltiplas diferenças e subjetividades em seu cotidiano complexo que entendemos que a arte pode ser um rico dispositivo para repensar e afetar as relações que tal rede foi construindo no espaço urbano.

Microperformance foi o nome dado pelo artista Flávio Pons às suas efêmeras ações pelas ruas de Amsterdam. Após o encontro com Pons, Daniel Barra inaugura em janeiro de 2013, a Plataforma de Pesquisa e Criação em Microperformance, ou Plataforma de Microperformance (PMP) espaço coletivo para desenvolver o termo em um possível conceito open source. A pesquisa realizada pela PMP sugere que a noção de microperformance abrange de performance art à ativismo, de teatro à intervenção urbana para além de uma categoria definida, mas em constante construção. Pressupõe uma postura afirmativa, um sim à vida e ao corpo, propondo participação, diálogo e criação no curso da vida cotidiana.

Atuando no borrão fronteiriço entre arte e vida, uma microperformance deixa de ser um produto artístico para se tornar ações de uma "vida artística", uma vida que deseja ela mesma ser obra de arte e processo estético. O performador passa a ser inexoravelmente afirmado como agente social, contudo, artista e espectador estão confundidos. As ações muitas vezes são camuflagens, pequenas sabotagens ou poesia despercebida no gráfico estático das convenções cotidianas.

O aspecto efêmero de uma microperformance lhe confere uma potência de invisibilidade usada como estratégia para liberação de uma zona autônoma, fluxos de um desejo intenso que escapam das máquinas sociais de repressão e dispositivos de poder. O urbano passa a ser ocupado-vivido de modo a produzir fissuras em seu próprio chão, rachaduras no concreto duro controlado pelo Estado, ao passo em que dançamos linhas de fuga xamânicas que escapolem antes mesmo de serem identificadas.

Espontâneas ou articuladas, solitárias ou em bando, as microperformances formam uma estratégia para retomar a capacidade de tornar-se a arte que se experiencia e de ainda respirar liberdade e autonomia pelas arestas da criação. O cotidiano passa a ser experimentado em suas possibilidades criativas, não usuais, produzindo novos modos de vida no próprio corpo, em casa, no bairro, na rua, no trabalho.

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